Tanto mar, tanta luz, tanto sol
Vento que sopra, areia que voa
Pó que cega, pele que seca
Pensamento erguido
Passos esquecidos
O ser é saber do pulsar perdido
Tanto para dar
Mais que recebido
Estende a toalha
Deitada para o chão
Não é desistência
Faz dela um colchão
Tosta de um lado
Do outro também
Na cama que é rasa
Que é de ninguém
Fica com a pele
Parece uma brasa
O suor que sobra
Dissolve-se na água
Que fica salgada
Mais do que tem
Regressa outra vez
Besunta-lhe o corpo
Sem flacidez
Terminado o dia
A noite agitada
Na embriaguez
Da lua que é cheia
Que espera outra vez
© Augusto Brilhante Ribeiro