De longe tão densos que já tapam
Como sombras de nuvens a correr
Gafanhotos famintos vão devorando
O que os pobres tinham para comer
De seguida, depois de nada haver
Lançam-se em magotes pelo ar
Voltam a zumbir até morrer
Ficando a destruição a encenar
Deixam resquícios de prazer
Restos de ceara pelo solo
Fome e miséria de se ver
Que ao poeta servirá de consolo
A criança não sabe a cor da fome
Seus pais que agora nada têm
Dão-lhe o que já ninguém come
Que a fome será seu entretém
© Augusto Brilhante Ribeiro