Chuva, vento e trovoada
O relógio bate as horas
São cinco da madrugada
Um relâmpago, um clarão
Deixa rostos de fantasmas
Em paredes humedecidas
Batem portas e o portão
No rego forma-se um rio
Com lama de aluvião
Crepita a brasa que aquece
Um velho em solidão
Sentado esfrega as mãos
A vida já lhe tirou
Muitos anos de ilusão
Rareia a luz que ilumina
Na boca só tem amargo
Do centeio que fez o pão
© Augusto Brilhante Ribeiro