O teu ciúme agonia-me
Perco vontade de viver
Sabendo que pensas em ti
Estando eu prestes a morrer
Tão louco foi esse amor
De profundo enternecer
Como ousaste criar dúvida?
Dizer fui; sem nunca o ser
A penumbra da agonia
Que o tempo já não me cobra
O consentimento da vida
Pouco importa se já sobra
Quadras que rimam sem nexo
Palavras de pouco sentido
Frases soltas que se perdem
Na memória de não ter sido
A incerteza nos dias
Angústia, fúria talvez
Tudo fizeste na vida
Para acabar de vez
Vem, lua nova vem
Apaga a luz que me resta
Traz-me o amor de além
Que este, já vi, não presta
© Augusto Brilhante Ribeiro