Duas vozes, um quebrar
Silhueta a desfocar
Parede suja, dedos a estremecer
Fez-se silêncio de terror
Ouviram-se passos
Uma porta a fechar
Mãos finas, dedos longos
Nas teclas de um piano
Som cristalino, pancada forte
Ritmo curto, melodia grave
Sorri-te do canto e gingaste
Fingi como querubim
Querias o verso certo
Não o fizeste para mim
O olhar que me puseste
A saudade que ficou
A ternura que lhe deste
No canto por lá ficou
© Augusto Brilhante Ribeiro