Os dias passam
O tempo corre e apaga do amor manchas indeléveis, esbatidas em velhos trapos
Nada mais resta que o crematório
Nem mesmo a cisma que o peditório rejuvenesce
Nem mesmo isso impede o tempo que adormece
Perdem-se palavras
Areia que nos escapa
Malha grossa que não filtra
Cimento que endurece
Aconteceu felicidade
O que é meu é teu
Agora acontece ruindade
O que é meu, sempre foi
Sabor amargo
Cheiros fétidos
Visões tenebrosas
Sonos mal principiados
O que é meu é meu, ouve o que digo
O que é teu, também
Digo eu, bem se vê; extorquido
© Augusto Brilhante Ribeiro