Agora me lembro, e que estúpido fui eu...
Agora me lembro que nem pintado de ouro me querias ver.
Agora reconheço que fiz figura de parvo...
Agora percebo como Adão teve de deixar o paraíso.
Agora, pois é, agora já deixei a minha marca e por ela hei de morrer.
Agora, jamais quero o que tanto desejei.
Agora, agora não quero, mas já nada há a fazer.
Agora?! E porquê insisto eu?
Para quê?
Como fui tão estúpido...
Que hei de fazer?
Como hei de desaparecer?
Já sei, fugir e não me dar a conhecer.
Ou talvez... Quem sabe?
Correr, correr até morrer...
É isso. É isso que tenho de fazer.
E depois? Será que não voltarei a viver?
Mas, vou morrer? E tem de ser?
Somente porque não consigo enlouquecer?
Não! Não! Isso não pode ser...
Fui enganado, vexado, espezinhado... Fui gozado.
Como é que me deixei ser domado?
Já sei, foi porque nunca fui amado...
Amado? E é possível que não tenha notado?
Não sei...
Fui enganado? Sim! Fui enganado.
E agora, bem, agora resta-me terminar com o que nunca começou.
Agora...
Agora procuro, rebusco, encontro e pum.
O silêncio invade-me a alma.
Não morro e fico danado.
© Augusto Brilhante Ribeiro