Por cima de cada telha
Outra telha deve estar
Uma porta bem aberta
Por onde devemos entrar
Um quarto para dormir
Uma sala de jantar
Na cozinha toda a louça
Uma banca prá lavar
Bem bonita que ela fica
Se cada parede pintar
Um jardim bem florido
Muita água pró regar
No laranjal vou colher
Laranjas para o jantar
Levo um cesto prás trazer
Uma escada prás apanhar
Se me faltar o pé
No galho vou-me agarrar
Até pareço o Tarzan
Pendurado a baloiçar
Todo o vizinho que a vir
Abre a boca de pasmar
Todo o invejoso vai querer
Sua casinha igualar
Tanta habitação se faz
Mais das vezes é um andar
Muitas são feitas depressa
Mas esta vai ser devagar
Agora que tenho uma casa
Que há muito andava a pensar
Vou nela passar a vida
Que me falta terminar
No verão depois de almoço
No alpendre vou ficar
Passarei por muitas brasas
Muitas vezes a sonhar
Atarei a corda à esteira
Nela me vou deitar
Não preciso de lençol
Fico de barriga pró ar
Vou dormir como criança
Com vento na cara a dar
Enxoto moscas com bufos
Assusto tudo a ressonar
© Augusto Brilhante Ribeiro