Doem-me as palavras que ouço.
Doem-me as entranhas, arde-me o corpo por dentro…
Conheci uma donzela que se chamava “Alguém”
Tão alegre, tão bonita, tão sorridente também…
Via-a um dia. Cabisbaixa, tão triste que ela estava.
Fugira-lhe a alegria, como estava desolada.
Restou-lhe o amor por lá, mas doía.
- Quando foi?
-Foi outro dia.
E assim fiquei e pensei… “tiro-lhe a dor?”
Alguém deve ajudar “Alguém”.
- Onde está tua alegria?
- Levou-a ele também.
Rosto de traços lindos, e no cabelo linda trança.
Olhos sem cor, com mesclas de esperança.
Boca que apetece… Que vontade de a beijar.
Trocou sua alegria por concha de mão vazia.
Nela guardava a dor, cheia de água do mar…
Levei-a junto à janela, ver estrelas, o luar.
Se alguém visse ali “Alguém”, só a via a soluçar.
Dei-lhe a mão, beijei-lhe a fronte,
Fomos depois passear.
Mostrei-lhe as constelações,
As fases que a lua faz...
A dor passou, e o meu tempo!
Veio outro para a amar.
© Augusto Brilhante Ribeiro