Ele disse que o tempo voava.
Ele disse que já não tinha tempo.
Levantou-se e gritou bem alto,
Porque o tempo não era só dele:
A todos fora dado um tempo.
Um tempo de estar,
Um tempo de dormir,
Um tempo de comer e depois partir;
Um tempo para ver o tempo passar.
Outro lhe disse que alguém atrasou o tempo.
Então quem o fez passaria a ficar sem tempo.
E disse ainda: - O tempo não é só teu!
Virou-lhe a cabeça.
Todos o viram.
Ficou sem tempo e depois morreu.
Depois eu disse baixinho:
- Também eu estou a ficar sem tempo.
© Augusto Brilhante Ribeiro