Subia sozinha a calçada,
Olhar vago, pés que não sente.
Degraus contados, meia viagem
Ouviu crianças que brincavam,
Passou travessas e becos,
Sorveu perfumes, cores garridas,
Contrastes nas portas, janelas.
Deu bons dias, alguém nelas,
Sorrisos da vizinhança.
Falaram do que sabiam
Enlace de pouca esperança.
Adivinhava aventuras,
Subiu sozinha a calçada.
No tempo que o sol contara,
No dever que a esperava,
A lua tramou-lhe as voltas,
Subiu sozinha a calçada.
Desfez-se o tempo de vida
Na pergunta que lhe fez
Do ciúme recalcado
Desceu a calçada de vez.
© Augusto Brilhante Ribeiro